Archive for junho, 2016

Quem pode marcar a bola no Green?

Olá Golfistas,

Um jogador, em uma partida por buracos (Match Play), marca e levanta a bola de seu adversário, que estava na sua linha de putt, sem o conhecimento dele. Qual a penalidade?

Marcando a Bola

Em um jogo de golfe, ocorrências das mais inesperadas podem acontecer e as Regras do Golfe devem sem capaz de, na medida do possível, cobrir estas situações. Existem casos que várias regras estão interligadas para resolver uma situação ou acontecimento.

Por exemplo, o simples fato de marcar e levantar a bola no green pode envolver várias Regras, dependendo da situação. Veja a seguir:

A Regra 16-1b define que o jogador tem o direito de levantar e limpar a sua bola:

Uma bola que está no green pode ser levantada e, se desejado, ser limpa. A posição da bola deve, obrigatoriamente, ser marcada antes da bola ser levantada, e a bola deve, obrigatoriamente, ser recolocada (ver Regra 20-1).

A Regra 20-1 define quem pode levantar a bola, quando a regra assim o permitir:

Uma bola a ser levantada em conformidade com as Regras pode ser levantada pelo jogador, seu parceiro ou outra pessoa autorizada pelo jogador. Em qualquer destes casos, o jogador é o responsável por qualquer infração às Regras.

A Regra 20-3a determina quem deve recolocar uma bola levantada:

Uma bola a ser recolocada em conformidade com as Regras deve, obrigatoriamente, ser recolocada por qualquer um dos seguintes: (i) pela pessoa que levantou ou moveu a bola, (ii) pelo jogador, ou (iii) pelo parceiro do jogador.

A Regra 18-3b cobre situações onde uma bola em repouso foi deslocada por Adversário em Jogo por Buracos (Match Play):

A menos que as Regras estabeleçam algo em contrário, exceto ao procurar a bola de um jogador, se a bola for deslocada, tocada propositadamente ou seu deslocamento for provocado por um adversário, seu caddie ou equipamento, o adversário incorre a penalidade de uma tacada. Se a bola for deslocada, deve, obrigatoriamente, ser recolocada.

E por último, a Regra 18-4 cobre situações onde uma bola em repouso foi deslocada por co-competidor em Jogo por tacadas (Stroke Play):

Se um co-competidor, seu caddie ou equipamento deslocar, tocar ou provocar o deslocamento da bola de um jogador, não há penalidade. Se a bola for deslocada, deve, obrigatoriamente, ser recolocada.

Agora, com o entendimento das regras, podemos responder a pergunta formulada acima:

O Jogador incorre na penalidade de uma tacada, de acordo com a regra 18-3b.

Como a bola estava no green, ela poderia ser levantada e limpa (Regra 16). O Jogador poderia ter autorizado o adversário, ou qualquer pessoa, a levantar a sua bola (Regra 20), mas isso não aconteceu. Logo, o jogador que levantou a bola de seu adversário sem autorização, violou a regra 18 ao tocar a bola em repouso. Como trata-se de uma partida Match Play, o item 3b da Regra 18 determina que este jogador terá uma penalidade de uma tacada.

Não basta entender ou estudar algumas regras. É importante entender todo o conjunto, os conceitos, as definições, as regras e as interligações entre elas.

Até a próxima,
J. Nabuco

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USGA penalizou corretamente Dustin Johnson no US Open?

Olá Golfistas,

No último dia do 116º US Open, no Oakmont Country Club, Filadélfia, Pensilvânia, e mais precisamente no buraco 5, iniciou-se uma das maiores discussões sobre regras já enfrentada ultimamente pela USGA.

O Jogador Dustin Johnson, liderando o torneio, vê sua bola se mover, afasta e chama um árbitro. Fala ao árbitro que não foi o causador do movimento da bola. O árbitro manda prosseguir e não acusa nenhuma penalidade.

Quando DJ chega ao buraco 12, um árbitro se aproxima e informa que o vídeo da situação no buraco 5 foi revisto e que existe a possibilidade de haver uma penalidade de uma tacada por ele mover a bola. Dustin reafirmou que ele não moveu a bola. O árbitro perguntou se ele poderia informar algum outro motivo para a bola se mover, e a resposta foi não.

Ao final, antes de entregar seu cartão Dustin e o Diretor do torneio Jeff Hall reviram o vídeo e a penalidade foi confirmada.

A Decisão foi correta?

DJBallMove

Muitos, mas muitos mesmo, saíram em defesa de DJ, principalmente os profissionais do circuito, que aproveitaram para criticar a USGA.

A primeira falha que muitos estavam cometendo, inclusive jogadores, era dizer que não poderia haver penalidade, pois o jogador não preparou a tacada (addressing the ball). A regra diz que um jogador prepara sua tacada quando coloca o taco imediatamente à frente ou atrás da bola (grounded the club). Ora, todos viram que ele não fez isso, pois ele colocou o taco ao lado da bola, logo, não “addressed the ball”. Então, essas pessoas acreditaram que a regra 18-2b deveria ser invocada, pois ela informa que se o jogador preparou a tacada e a bola move, ele paga uma tacada de penalidade. Logo, se não preparou e a bola moveu, não há penalidade. Infelizmente estas pessoas não estão atualizadas com as regras. Uma das mudanças nas regras introduzidas neste ano de 2016 foi exatamente a exclusão da regra 18-2b, ou seja, independentemente do jogador ter preparado ou não a tacada, só será levado em conta o que provocou o movimento da bola.

Um segundo ponto que muitos comentaram é que se Dustin Johnson não voltou sua bola ao local antes do movimento, ele deveria sofrer duas tacadas de penalidade de acordo com a Penalidade Geral da Regra 18 que diz que se a bola movida não for recolocada o Jogador sofre duas tacadas de penalidade. O problema é que poucos notaram que o árbitro ao chegar no buraco 5 perguntou ao DJ se ele tinha “grounded” (colocado o taco no chão) e ele respondeu que não, levando o árbitro a acreditar no que ele falou e mandar continuar a partida. Não estou dizendo que ele mentiu (todos viram ele colocar o taco no chão), pois acredito que ele também tenha se esquecido das mudanças nas regras e pensou que o árbitro estivesse perguntando se ele “addressed” (preparou a tacada).

Analisando o vídeo, em minha opinião, a USGA acertou em assinalar uma tacada de penalidade, pois não há outro motivo para a bola se mover, e principalmente porque o movimento se deu quase que imediatamente após ele ter tocado o solo com o taco.

Não consigo ter a mesma convicção quanto ao fato de no buraco 12 o árbitro avisar ao Jogador que ele “poderá” ter uma penalidade, colocando-o “sobre aviso” e informando os demais jogadores do torneio, e só ao terminar e em conjunto com o jogador, analisando o vídeo, confirmar a penalidade. Acredito que eles deveriam ouvir o jogador no buraco 12 e ali mesmo decidir aplicando a Decisão 18-2/0.5 (Padrão do Peso das Evidências utilizado para determinar se o jogador causou o movimento de sua bola) e se mesmo assim tivessem dúvida, atuar em favor do campo, ou seja, contra o jogador. O que foi feito, porém só ao término da volta.

Até a próxima,
J. Nabuco

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O Golfe e o Vento

Olá Golfistas,

No Outono, quando o vento sopra mais forte em algumas regiões, situações interessantes acontecem nos campos de golfe. Vejo o que pode acontecer quando o vento “entra no jogo” e como as Regras tratam estas ocorrências.

Como o jogador deve proceder nos casos abaixo?

  1. Bola em repouso, movida pelo vento.
  2. Bola em repouso movida por uma folha que estava sendo levada pelo vento.
  3. Bola em movimento, após uma tacada a partir do green, é desviada por uma folha que estava sendo levada pelo vento.

vento

A primeira coisa que nós somos tentados a imaginar é que o vento é um agente externo, mas lendo com mais atenção a definição de agente externo vemos que:

Agente Externo (Outside Agency): Em um jogo por buracos (match play), um “agente externo” é qualquer agente que não seja o jogador, seu adversário, seu caddie, nem qualquer bola jogada por um dos lados no buraco que está sendo jogado, nem qualquer equipamento de ambos os lados. Em um jogo por tacadas (stroke play), um agente externo é qualquer agente que não faça parte do lado do competidor, seu caddie, qualquer bola sendo jogada pelo lado do competidor, ou qualquer equipamento do lado do competidor. Os agentes externos incluem árbitro, marcador, observador e caddie avançado (forecaddie). Nem o vento nem a água são agentes externos.

Ou seja, está explicito que vento não é um agente externo.

Vamos então responder à situação 1) Bola em repouso, movida pelo vento.

Ora, como vento não é um agente externo, então a Regra 18-1 (Bola em Repouso Movida por Agente Externo) não se aplica. A bola está em jogo e ela deve ser jogada da posição onde ela parou.

Agora vamos ver um pouco mais sobre definições. Impedimentos soltos. Lembra o que são?

“Impedimentos soltos” são objetos naturais, inclusive:

  • pedras, folhas, gravetos, galhos e similares,
  • estrume,
  • minhocas, insetos e similares e os dejetos e montículos feitos por eles

desde que não estejam:

  • fixos ou em crescimento,
  • solidamente incrustados no solo, ou
  • aderidos à bola.

Areia e terra solta são impedimentos soltos no green, mas não em qualquer outro local.
Neve e gelo natural, mas não geada, podem ser considerados água ocasional ou impedimentos soltos, à opção do jogador.
Orvalho e geada não são impedimentos soltos.

Respondendo à situação 2) Bola em repouso movida por uma folha que estava sendo levada pelo vento, podemos achar que a bola está sendo movida por um impedimento solto. Isso não é verdade, pois dependendo das situações, um mesmo elemento pode assumir mais de um papel, ou definição. Quando uma folha, que é um elemento inerte, é movida pelo vento ela se torna em um Agente Externo, e assim sendo, entre em cena a Regra 18-1 (Bola em Repouso Movida por Agente Externo), e a bola deve ser recolocada sem penalidade. A Decisão 18-1/6 trata especificamente este assunto.

E por último, vamos responder à situação 3) Bola em movimento, após uma tacada a partir do green, é desviada por uma folha que estava sendo levada pelo vento. Também neste caso a folha deve ser tratada como um agente externo. Só que, como a bola estava em movimento e foi deslocada, a regra que trata este assunto é a 19-1 (Bola em Movimento Deslocada ou Parada). Como a tacada foi dada de dentro do green, a alínea b. determina que a tacada deva ser cancelada e a bola deva ser recolocada no local onde ela foi tacada, sem penalidade.

Até a próxima,
J. Nabuco

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Cartão entregue omitindo uma penalidade ocorrida na competição

Olá Golfistas,

Vejam a seguinte situação ocorrida em recente torneio:

Na Raia 3, o jogador errou um putt curto e frustrado com a tacada, esqueceu que em uma competição stroke-play, onde é obrigado a terminar o buraco (Regra 3-2), afastou a bola para longe com o putter e a levantou. Logo percebeu seu erro e recolocou a bola no local e terminou o buraco.
Ao final do torneio, entregou o cartão sem assinalar nenhuma penalidade para o buraco onde ocorreu o problema. Após sair da área de entrega de cartões, comentando com outro jogador, ele ficou sabendo que deveria ter marcado uma tacada de penalidade. Ele imediatamente informou a comissão sobre sua omissão e solicitou que o erro fosse corrigido. Qual atitude a comissão deveria ter tomado?

  1. Corrigir o cartão acrescentando 1 tacada de penalidade?
  2. Corrigir o cartão acrescentando 3 tacadas de penalidade?
  3. Desclassificar o jogador?

Bola Movida

Até 2015, o Jogador deveria ser desclassificado, segundo a regra 6-6, porém, de acordo com as alterações nas Regras do Golfe para o quadriênio 2016-2019, foi criada mais uma exceção da Regra 6-6d, onde duas situações devem ser analisadas.

Primeiro: Se o Jogador sabia antes de entregar o cartão que tinha ocorrida uma penalidade e ele não marcou no seu cartão de escore esta penalidade, ele deve ser penalizado com a desclassificação.

Segundo: Se ele não soubesse que havia cometido a penalidade, a comissão deveria anotar a penalidade, neste caso, uma tacada, por movimentar uma bola em repouso (regra 18-2) e acrescentar mais duas tacadas por cometer a infração à Regra 6-6 ao não informar a penalidade em seu cartão.

Logo, no caso relatado acima, a comissão deveria agir de acordo com a opção 2), ou seja, acrescentar 3 tacadas de penalidade ao cartão do jogador.

Neste exemplo, devo deixar registrado que não basta apenas saber as regras, mas igualmente importante é estar atualizado.

Até a próxima,
J. Nabuco

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Bola Provisória e Bola Errada

Olá Golfistas,
Apesar das dificuldades de interpretação das regras, às vezes encontramos maior dificuldade em definir qual é o número de penalidades que deve ser aplicado a uma determinada situação.

Veja o seguinte acontecimento:

Em um par 3, o jogador bate sua bola em direção à um bosque, com grande possibilidade de ter sua bola perdida. Em acordo com a regra 27-2 (Bola Provisória), anuncia que vai jogar uma bola provisória e joga. Ao chegar próximo do local onde sua bola original poderia estar, encontra uma bola, que considera ser a sua. Levanta a bola provisória e bate a bola encontrada para o green. Ao chegar no green, marca a bola e levanta, quando descobre que não é sua bola original. Volta para procurar sua bola original e não encontra.

Qual deve ser o procedimento? E mais, quantas tacadas de penalidade ele deve sofrer?

provisional_golf_ball

Vamos desde o começo:

Como ele não encontrou sua bola, a bola provisória entra em jogo e ele deve pagar uma penalidade, segundo a regra 27-2b (penalidade de tacada e distância). Como ele jogou uma bola perdida, pensando que fosse a sua bola original, deve ser adicionado mais duas tacadas de penalidade por jogar uma bola errada, conforme a regra 15-3b. Ele deve então voltar e continuar o jogo com a sua bola provisória. O problema é que ele tinha levantado a bola provisória, e de acordo com a regra 18-2, mais uma tacada deve ser adicionada e a bola deve ser recolocada. Desta forma, um total de 4 tacadas de penalidade deve ser anotada. Assim, após ele recolocar a bola provisória, ele irá bater a tacada de número 7.

Pequenos erros podem gerar resultados desastrosos.

Até a próxima,
J. Nabuco

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