Archive for março, 2015

Porque Ernie Els não foi penalizado por tocar a grama dentro de um azar de água?

No último domingo, no Arnold Palmer Invitational, em Bay Hill na Flórida, vimos um fato que causou muita discussão no tocante às regras do Golfe.

Ernie Els, um tetra campeão de Majors, encostou o taco na grama dentro de um azar de água, antes de dar a sua tacada. Imediatamente telefonemas e mensagens dos espectadores transbordaram as centrais das empresas transmissoras e organizadoras. O árbitro local não deu nenhuma penalidade. Ele estava correto?

Veja o que diz a regra 13-4:

Exceto se as Regras estabelecerem algo em contrário, antes de dar uma tacada em uma bola em um azar (seja banca ou azar de água) ou em uma bola que, depois de ter sido levantada de um azar, pode ser dropada ou colocada no azar, o jogador não deve:

a. Testar a condição do azar ou de qualquer azar semelhante

b. Tocar o terreno dentro do azar ou a água dentro do azar de água com o taco ou com sua mão; ou

c. Tocar ou deslocar um impedimento solto que esteja dentro de um azar ou que o toque.

Importante ressaltar que esta regra também tem uma nota, que talvez muitos não se lembrem:

A qualquer momento, inclusive na preparação da tacada, ou no movimento do taco para trás antes da tacada, o jogador pode, com o seu taco ou qualquer outra coisa, tocar qualquer obstrução ou construção que a Comissão tenha declarado parte integrante do campo, assim como grama, arbustos, árvores ou outra vegetação.

Desta forma, a ação de Ernie estava coberta pelas regras, uma vez que ele não testou a superfície do azar e tampouco repousou o taco na grama (grounding). O Árbitro foi muito correto em sua decisão ao declarar que, vendo o acontecido pelo vídeotape, não foi possível afirmar que Ernie repousou (grounded) seu taco. Se isso tivesse ocorrido, levaria duas tacadas de penalidade.

Lembrando a Decisão 18-2b/5, o taco é considerado repousado (grounded) se a grama foi comprimida a ponto de suportar o peso do taco.

Bom, mas porque Ernie fez triple bogey neste par 5. Todos viram bater a sua sexta tacada do meio do Fairway. Porque?

Na verdade seu drive parou no meio do Fairway. Sua segunda tacada foi para o azar de água. Ele tentou tirar uma vez e ela não saiu do azar. Tentou pela segunda vez, ou seja, sua quarta tacada, e a bola caiu na água. E agora, onde dropar? Dentro do azar (local de sua última tacada)? Na linha feita pela bandeira e por onde a bola entrou no azar? Como, se ela já estava dentro do azar?

Ele utilizou a Regra 26-2a(i)b a seu favor. Veja:

Regra 26-2 Bola Jogada de Dentro de um Azar de Água

a. A bola Para no Mesmo ou em Outro Azar de Água

Se, após a tacada, uma bola jogada a partir de um azar de água parar dentro do mesmo, ou em outro azar de água, o jogador pode:

(i) proceder de acordo com a regra 26-1a (dropar onde a bola foi tacada pela última vez – neste caso, dentro do azar de água). Se após dropar dentro do azar o jogador decidir não jogar a bola dropada, ele pode:

(b) acrescentar uma tacada de penalidade e jogar a bola do ponto mais próximo de onde a bola foi jogada antes de cair no azar.

E foi isso que ele fez. Voltou para o Fairway e pagando uma tacada de penalidade, bateu sua sexta tacada em direção ao Green, mas sua bola caiu em uma banca. Com uma tacada da banca, sua bola ficou no Green, para sua oitava tacada, a mais de treze jardas do buraco. E acredite, ele embocou!

Até a próxima,
J. Nabuco

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Quando uma bola é considerada perdida?

Um erro comum entre os jogadores é eles acreditarem que podem declarar uma bola perdida. Ele pode declarar uma bola injogável, mas perdida nunca.

Veja a seguinte situação:

O jogador procura sua bola por dois minutos e “declara” que está perdida e volta ao ponto onde bateu a bola pela última vez, para recolocar outra bola em jogo, pagando a penalidade de uma tacada (conhecido como stroke and distance). No seu caminho de volta, o seu caddie encontra a bola e grita para o jogador. Ele pode se recusar a usar sua bola original, uma vez que ele já declarou como perdida e bater outra bola?

A resposta é NÃO. Ele deve voltar até sua bola original, identificá-la e continuar o jogo com esta bola. Esta situação está bem clara na Decisão 27/16.

É claro, que depois de identificada, ele pode declarar como injogável e neste caso optar por voltar ao último ponto onde efetuou a tacada, de acordo com a Regra 28.

Outra situação é quando ele bate uma bola provisória (antes de ir procurar sua bola) e quando ele encontra a bola original, descobre que está em uma posição muito difícil e então quer declarar “perdida” para poder continuar usando a bola provisória. É claro que também não pode.

Vejamos então, quando a bola é realmente considerada perdida:

– Quando o jogador procura por cinco minutos, a partir do momento que começou a procurá-la e não encontra.

– Quando realiza uma tacada com a bola provisória do provável local onde poderia estar a bola original ou de um local mais próximo da bandeira.

– Quando o jogador coloca outra bola em jogo sob penalidade de tacada e distância, de acordo com as Regras 26-1a (Azar de água), 27-1 (Bola Perdida) ou 28-a (Bola Injogável).

– Quando coloca outra bola em jogo porque é conhecido ou virtualmente assegurado que não foi encontrada por ter sido movida por agente externo (Regra 18-1), por estar em uma obstrução (Regra 24-3), em uma condição anormal do terreno (Regra 25-1c) ou em um azar de água (Regra 26-1b ou c).

– Quando o jogador der a tacada em uma bola substituta.

Logo, se você estiver em uma situação onde bateu uma bola e tem certeza que se encontrar vai ficar muito ruim de bater daquele local, não bata uma bola provisória, simplesmente coloque outra bola em jogo, sem anunciar “bola provisória” e pague uma tacada de penalidade.

Até a próxima,
J. Nabuco

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O que vai mudar nas Regras do Golfe em 2016?

A cada 4 anos os conselhos da USGA (United States Golf Association) e da R&A (Royal and Ancient Golf Club of St Andrews) se reúnem e preparam as modificações nas regras para o próximo quadriênio.

O que já está certo para 2016-2019 é a Regra 14-1b. Esta nova regra trata da forma em que o taco é apoiado no corpo ao executar uma tacada. Situação que ocorre principalmente ao usar os famosos putters longos ou Belly Putters.

Veja como será a regra:

14-1b Anchoring the Club
In making a stroke, the player must not anchor the club, either “directly” or by use of an “anchor point.”
Note 1: The club is anchored “directly” when the player intentionally holds the club or a gripping hand in contact with any part of his body, except that the player may hold the club or a gripping hand against a hand or forearm.
Note 2: An “anchor point” exists when the player intentionally holds a forearm in contact with any part of his body to establish a gripping hand as a stable point around which the other hand may swing the club.

Em uma tradução livre, temos que não mais será permitido, ao executar uma tacada, apoiar o taco no corpo, seja diretamente o taco ou usando um ponto de apoio. “Diretamente” significa apoiar o taco ou o grip no corpo, exceto se for no antebraço. “Ponto de apoio” seria o caso de manter o antebraço junto ao corpo como apoio ao fazer o swing.

Veja que essa regra não transforma os Putters longs em ilegais para o jogo, como muito se tem falado nos últimos anos, e sim a forma que estes devem ser usados.

Mas o que está por trás disso? Por que esta nova regra?

Nos últimos trezentos ou quatrocentos anos o jogo de Golfe tem sido um desafio de concentração e habilidades. O conceito de “swing” não pode ser alterado. E este conceito preserva o fato de um movimento livre com o taco, afastado do corpo. Um balanço. Uma habilidade desenvolvida.

Ao usar um ponto de apoio esse movimento de swing fica completamente descaracterizado, e portanto deve ser evitado.

Veja abaixo alguns exemplos do que será proibido:

Proibido03  PROHIBITED: The club is intentionally in contact with the player’s body.

PROHIBITED: The club is intentionally anchored against the player’s body.  Proibido04

E veja como uso do putter longo ou Belly será permitido. Note que nem o taco nem o antebraço ficam como ponto de apoio:

Permitido05  PERMITTED: Traditional grip with mid-length putter.

Por enquanto, ou seja, até o dia 31/12/2015 essas alterações ainda não estão válidas e nenhuma penalidade pode ser aplicada. Porém, para os jogadores que fazem uso destes Putters e desta forma de swing, esta informação é muito importante para eles começarem a treinar de forma diferente, em acordo com a futura regra.

A penalidade para infração a esta nova regra será de duas tacadas em jogos stroke play e perda do buraco em jogos match play.

Até a próxima,
J. Nabuco

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Bola enterrada na área do tee. Tem alívio sem penalidade?

Voltando a falar sobre bola enterrada no próprio pique, veja o caso abaixo:

A primeira tacada, batida a partir do tee, bate em uma árvore e volta para a área do tee, enterrando em seu próprio pique.

E agora, têm alívio de acordo com as regras?

Sim! Apesar das Regras do Golfe não contemplar esta situação, ou seja, a regra 25-2 (bola enterrada no próprio pique) fala que em área de grama cortada rente ao chão e “através do campo”, é permitido alívio. Lembrando: “através do campo” é toda a área do campo menos a área do tee e o Green do buraco que está sendo jogado e os azares. Mas por equidade, Regra 1-4, como não está claramente definido nas regras, o jogador pode obter alívio sem penalidade e deve seguir a regra de 25-2. Isto está determinado pela Decision 25-2/8.

Vale notar que o mesmo procedimento vale para a Regra 24-1b, que permite ao jogador obter alívio sem penalidade, se sua bola estiver sobre ou dentro de uma obstrução móvel. Nesta regra também não está contemplada a área do tee do buraco que estiver jogando para obter alívio, mas pela mesma razão, terá alívio sem penalidade.

Será que eles acham que é mesmo impossível bater um drive e a bola voltar ao mesmo tee? Acho que eles não me conhecem…

Até a próxima,
J. Nabuco

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Bola no rough com direito a alívio. Posso dropar no Fairway?

Minha bola caiu em um terreno em reparo no rough. O primeiro ponto de alívio é no Fairway. Posso dropar no Fairway?

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Se o primeiro ponto de alívio for no Fairway, a resposta não é “pode”, e sim “deve”. Vamos ver a regra 25-1b que trata de alívio em condição anormal de terreno (lembra que “terreno em reparo” é uma “condição anormal do terreno”?):

Regra 25-1b. Exceto se a bola estiver em um azar de água ou azar lateral de água, o jogador poderá obter alívio da interferência de uma condição anormal do terreno, como se segue:
(i) Através do Campo: Se a bola estiver localizada através do campo, o jogador deve, sem penalidade, levantá-la e dropá-la dentro da distância de um taco e não mais perto do buraco que o ponto mais próximo de alívio. Este não pode estar no azar ou em um Green. Se a bola for dropada dentro da distância de um taco do ponto mais próximo de alívio, deve atingir o solo primeiro, em um local do campo que evite a interferência causada pela condição e que não esteja dentro de um azar nem em um Green.

Note que a regra fala claramente que o primeiro ponto de alívio não pode ser em um azar ou no Green, logo pode ser no Fairway. A bem da verdade, para as regras de golfe, não há diferença entre Fairway ou rough (a não ser no caso de bola enterrada em seu próprio pique, como já explicado em post anterior: Bola perdida é bola perdida.), tudo é “através do campo”.

Até a próxima,
J. Nabuco

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Bola perdida é bola perdida.

Nesses dias de chuva, é comum o campo ficar molhado e a bola enterrar em seu próprio pique e os jogadores fazerem uso das regras para ter alívio e dropar a bola, sem pagar penalidade.

Porém, um amigo me contou que sua bola, após uma boa tacada, caiu bem no meio do Fairway e todos os jogadores que estavam com ele confirmaram. Ao chegar ao suposto local onde a bola deveria estar, não a encontraram, mas o terreno estava macio devido à forte chuva do dia anterior. Eles consideraram que a bola tinha enterrado em seu próprio pique e apelaram para a Regra 25-2 para colocar outra bola em jogo, sem penalidade.

Vamos ver o que fala a regra:

Regra 25-2 – Bola Enterrada
Uma bola enterrada no solo, em seu próprio pique, em qualquer área de grama cortada rente ao chão através do campo, pode ser levantada, limpa e dropada sem penalidade, tão perto quanto possível do ponto onde a bola se encontrava, porém não mais perto do buraco. Ao cair, a bola deve primeiro tocar o solo através do campo. “Área de grama cortada rente ao chão” significa qualquer área do campo com a grama cortada como a do Fairway, ou mais baixa, inclusive caminhos no rough.

Nada na regra permite ao jogador ter alívio por pensar que a bola esteja enterrada, sem primeiro identificá-la.

Neste caso, não encontrando a bola, deve ser tratada como bola perdida, Regra 27-1, e dropar a bola próximo ao local onde deu a última tacada e pagar uma penalidade (stroke and distance).

Essa confusão com as regras dá-se por misturar esses conceitos com a Regra 25-1c, que permite alívio para bola não localizada em Condição Anormal de Terreno. Isso quer dizer que se houvesse água ocasional no local onde a bola caiu, seria considerado Condição Anormal de Terreno e mesmo sem encontrar a bola, teria direito a alívio, dropando uma outra bola no ponto mais próximo por onde a bola entrou, não mais próximo da bandeira.

Como não tinha água ocasional e meu amigo não fez o procedimento correto, ele deveria ser penalizado com duas tacadas, e se a comissão considerasse que com essa falha ele teve uma vantagem excessiva, deveria ser desclassificado.

Aproveitando a mesma Regra 25-2, ela define que só tem alívio se a bola estiver enterrada em seu próprio pique em qualquer área cortada rente ao chão, através do campo. Isso não inclui rough por exemplo. Dependendo da situação do campo, é possível fazer uma regra local para permitir alívio sem penalidade em qualquer local através do campo (todas as áreas exceto: o Green e a área do tee do buraco que está sendo jogado e todos os azares do campo). Isso é uma fonte de confusão, pois os que assistem torneios da USGA pela televisão acreditam que está na regra a permissão de alívio com a bola enterrada no rough. O que na verdade acontece é que sempre existe uma regra local para esses torneios permitindo o drop. Se não estiver na regra local, não é permitido o drop de bola enterrada no rough.

Ainda sobre bola enterrada, veja a figura abaixo:

BolaEnterrada

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Bola Enterrada.

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Bola Enterrada.

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Bola Não Enterrada.

A bola só é considerada enterrada, quando parte ou toda ela estiver abaixo da linha do nível do solo, mesmo que não esteja tocando o solo, como na figura do meio. A última figura, mesmo abaixo da grama, não está abaixo da linha do solo, logo não pode ser considerada enterrada.

Até a próxima,
J. Nabuco

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Valeta de drenagem não marcada. Posso dropar?

Não é muito incomum encontrarmos nos campos de golfe, valetas e depressões feitas para drenar a água da chuva. Essas áreas são geralmente marcadas como terreno em reparo, e logo, de acordo com a Regra 25, tem direito a alívio sem penalidade.

Porém, também não muito incomum, encontramos estas valetas sem marcação. E agora, o que fazer?

Ditch

É de responsabilidade da comissão (de acordo com a regra 33-2a) definir corretamente:
(i) o campo e o fora de campo
(ii) as margens dos azares de água e dos azares laterais de água,
(iii) o terreno em reparo,
(iv) as obstruções e tudo aquilo que é parte integrante do campo.

No caso em questão, se ela falhar em marcar uma valeta, ela é considerada, de acordos com as Definições, um Azar Lateral de Água, tendo ou não tendo água dentro, e o procedimento deve ser feito de acordo com a regra 26-1c(i) – Azares de Água. Ou seja, não tem drop sem penalidade.

Gostaria de aproveitar e relatar aqui, após algumas consultas, que a comissão ao declarar uma valeta de drenagem, que é um azar de água por definição, como terreno em reparo, altera as características do campo. Essa alteração pode até influenciar o course rating e o slope rating do campo, alterando assim o handicap dos jogadores neste campo. Se quando o campo foi medido pela federação essa determinação não existia, talvez seja necessária uma nova medida.

Resumindo, alterações no campo, mesmo de acordo com as regras, devem ser feita à luz de planejamento e orientações dos órgãos reguladores.

Até a próxima,
J. Nabuco

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Após drop, a bola pode rolar até dois tacos de distância. Qual taco?

dois tacos

Veja a seguinte situação:

Bola pára próxima a uma obstrução fixa, na qual o jogador tem direito a drop, sem penalidade, a uma distância de até um taco do ponto mais próximo de alívio, não mais próximo da bandeira. Ele mede com o driver, marca e dropa. A bola rola e cai em um lie não muito bom. Ele pega seu putter e mede a distância até a bola, a partir do ponto onde ela tocou o solo no drop e constata que rolou mais de dois tacos. Pelas regras, ele pode refazer o drop. Está correto?

Você já sabe, conforme colocado em posts anteriores, que o jogador deve medir o ponto de alívio com o taco que faria a tacada, caso a condição não existisse e usaria qualquer taco para medir distância (um ou dois tacos, conforme a regra em questão).

Se a bola rolar mais que dois tacos, ele deve re-dropar.

O problema aqui é que ele usou outro taco para medir a distância que a bola rolou. Isso não é permitido pela Decision 20/1: “O Jogador deve continuar usando o mesmo taco usado originalmente para medir a distância, em todas as medidas para uma dada situação”.

Logo, ele deve usar também o driver para verificar se a bola rolou mais que dois tacos. Se não rolou mais que dois “drivers” neste caso, a bola estará em jogo e ele não tem direito a re-drop.

Até a próxima,
J. Nabuco

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